A informação sem fronteiras


Reflexão

 

QUANDO EU MORRER, AS ROSAS CONTINUARÃO A FLORIR

 
(Imagem: Josefina Maller)

Arrastou-se pela vida até ao derradeiro dia.

Viveu cada minuto da sua existência tão intensamente como se fosse o último. Tinha um jeito peculiar de contemplar o mundo. Via-o através de um olhar arrebatado, carregado de melancolia. Era uma criatura silenciosa, afável, solitária. Amava as árvores, as flores, particularmente as rosas, e os animais com um amor grande. Imensurável.

Amava, de igual modo, também as palavras, a causa maior de todas as suas mágoas, de todos os seus desencantos, de todas as suas frustrações, de todos os seus desencontros, de todos os seus desamores, porque a palavra da mulher não palpita, diziam-lhe os homens, seus ímpares na escrita que, na verdade, não sabem, nem nunca souberam coisa alguma acerca do universo da mulher, tão repleto de imponderáveis.

Por vezes, sentava-se num rochedo, à beira-mar e, embalada pelo sussurro das águas, escrevia versos, que lançava às ondas, para que estas os arrastassem até lonjuras inatingíveis. Versos que só a ela diziam respeito, e que com ninguém mais partilhava, à excepção do grande oceano.

Quando não se sentia inspirada, distraía-se a escutar o crocitar das gaivotas, que lhe contavam segredos do mar: lá no fundo, havia um mundo, e nesse mundo vivia um príncipe solitário, num palácio de vidro, onde o destino o mantinha prisioneiro, há séculos, esperando que uma bela donzela viesse libertá-lo. Poderia ser ela, essa donzela libertadora, se fosse bela, ou se soubesse como chegar a esse palácio submerso. Como não era bela e também nada sabia dessas profundezas, limitava-se a lançar às águas os seus sonhos, os seus versos e cantava baixinho enternecedoras melodias de amor, na esperança de que esses sonhos, esses versos e esses cânticos chegassem àquele mundo que havia lá no fundo, e pudesse libertar o príncipe solitário.

O seu quotidiano era feito de muitos pequenos nadas. Coisas que para os outros eram insignificantes, mas que para ela eram o cerne da sua existência. E em tudo o que fazia, as palavras estavam presentes. Palavras que diziam do bem, do bom e do belo que a vida encerra, e poucos eram os que sabiam desbravá-las. Tinha um sorriso afectuoso, que incorporava às palavras e distribuía pelas ruas como se de panfletos se tratasse.

Contudo, ninguém estava interessado nas suas palavras. No seu sorriso complacente. O mundo tornara-se um lugar de urgências, cheio de gente vazia e apressada, onde viver era caminhar para o nada, passo a passo.

Ela arrastava-se por esse mundo esvaziado, carregando todas as suas palavras às costas, não como se carregasse um fardo, mas como se transportasse o destino do próprio mundo.

Até que um dia, a melancolia que sempre a acompanhou, degenerou em tristeza, e a tristeza se não é aplacada, torna-se fatal.

Quando a encontraram em casa, sem vida, sentada na sua cadeira de verga, junto à roseira que guardou tantos dos seus segredos, entre as suas mãos jazia um caderninho de capa amarela, onde estavam escritas aquelas que foram as últimas palavras que deixou ao mundo, em jeito de despedida, e que, afinal, resumiam a sua ideia de eternidade: Quando eu morrer, as rosas continuarão a florir…

in «Os Dias de José... e outras narrativas» © Josefina Maller (a aguardar publicação)

Para ler estas e outras crônicas da escritora, acesse:

https://galateaetriton.blogspot.com/

HOMENAGEM A CHICO XAVIER


Chico Xavier

O médium e célebre divulgador do Espiritismo no Brasil Francisco Cândido Xavier faleceu aos 92 anos de idade no dia 30 de junho de 2002. 

AS QUATRO LEIS DA ESPIRITUALIDADE 

N
a Índia, são ensinadas as "quatro leis da espiritualidade":

A primeira diz: "A pessoa que vem é a pessoa certa".
Ninguém entra em nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, interagindo com a gente, têm algo para nos fazer aprender e avançar em cada situação.

A segunda lei diz: "Aconteceu á única coisa que poderia ter acontecido".
Nada, nada absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum "se eu tivesse feito tal coisa..."


ou "aconteceu que um outro ...". Não. O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem em nossas vidas são perfeitas.

 

A terceira diz: "Toda vez que você iniciar é o momento certo".
Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é que as coisas acontecem.

 

E a quarta e última afirma: "Quando algo termina, ele termina".
Simplesmente assim. Se algo acabou em nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor sair, ir em frente e se enriquecer com a experiência. Não é por acaso que estamos lendo este texto agora. Se ele vem à nossa vida hoje, é porque estamos preparados para entender que nenhum floco de neve cai no lugar errado!


“Saber não é tudo. É necessário fazer. E para bem fazer, homem algum dispensará á calma e a serenidade, imprescindíveis ao êxito, nem desdenhará a cooperação, que é a companheira dileta do amor”.

Emmanuel /Chico Xavier

Para saber mais, acesse: https://www.chicoxavieruberaba.com.br/biografia.html

FESTAS JUNINAS

Antonio, João e Pedro: exemplos de santidade

O mês de junho é um daqueles em que a devoção católica aos santos se torna mais evidente. Temporada de Festas Juninas, neste mês grandes exemplos de santidade são comemorados: Santo Antônio (13), São João (24)  e  São Pedro (29).

A diversidade de brincadeiras e comidas típicas dessas festas “caipiras” completa um cenário que quase sempre nos remete à infância – quando a ingenuidade e as tradições interioranas ainda tinham algum espaço, mesmo nas cidades grandes.

A fogueira é outro ponto alto das atrações. Reza a tradição que ela tem origem na história bíblica do nascimento de São João Batista. Sua mãe, Isabel, teria feito uma fogueira para avisar Maria, Mãe de Jesus, que havia dado à luz. Nesse sentido, as fogueiras se constituem numa espécie de louvor ao santo conhecido por profetizar a vinda do Salvador e por ser exemplo de retidão de caráter, humildade e ética.

Com tantas e importantes qualidades, muitos confundiam João Batista com o próprio Messias, ao que ele respondia: “Eu não sou o Cristo” (Jo 3, 28) e “não sou digno de desatar a correia de sua sandália” (Jo 1,27).

Antônio foi outro ser que se destacou pela humildade, entre outras virtudes. Nascido em uma família de fidalgos, resolveu, assim como São Francisco, levar uma vida de doação e de pregações. Antes de ser conhecido pelo dom da oratória e pela inteligência privilegiada, não se negava a realizar as tarefas domésticas com grande empenho no convento onde viveu, próximo à cidade de Bolonha. Sua simplicidade e humildade eram tão genuínas que os demais frades jamais suspeitaram dos seus profundos conhecimentos teológicos.

Quanto às qualidades de São Pedro, basta dizer que foi o escolhido por Cristo para ser a pedra que edificaria a sua Igreja. O Evangelho de São Mateus (16,15-23) diz que Jesus teria perguntado aos seus discípulos: “E vós, quem pensais que sou eu?” – ao que Pedro respondeu: “És o Cristo, Filho de Deus vivo”. E, então, disse Jesus: “Simão, filho de Jonas, és um homem abençoado! Pois isso não te foi revelado por nenhum homem, mas pelo meu Pai, que está no céu. Por isso, te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e o poder da morte não poderá mais vencê-la. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu, e o que ligares na terra será ligado no céu, e o que desligares na terra será desligado no céu”.

Neste mês de junho, devemos todos nos lembrar desses exemplos de fé, determinação, humildade e coragem. Vamos nos divertir nas Festas Juninas ao lado de quem amamos, resgatando nossa infância, e permitindo que ela permaneça conosco por mais tempo. Que nesse período ainda possamos refletir sobre a vida de Antônio, João e Pedro. Homens divinizados justamente porque fizeram de suas vidas um caminho no qual predominaram a verdade e a fé.

Diácono Nelsinho Corrêa é missionário da Comunidade Canção Nova (www.cancaonova.com). 


Esconde-esconde de sentimentos


Contam que uma vez se reuniram todos os sentimentos e qualidades dos homens em um lugar da terra.

Quando o Aborrecimento havia reclamado pela terceira vez, a Loucura, como sempre tão louca, lhes propôs:

- Vamos brincar de esconde-esconde?

A Intriga levantou a sobrancelha intrigada e a Curiosidade sem poder conter-se perguntou:

- Esconde-esconde? Como é isso?

É um jogo, explicou a Loucura, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará o meu lugar para continuar o jogo.

O Entusiasmo dançou seguido pela Euforia. A Alegria deu tantos saltos que acabou por convencer a Dúvida e até mesmo a Apatia, que nunca se interessava por nada.

Mas nem todos quiseram participar: A Verdade preferiu não se esconder.

- Para que? Se no final todos a encontravam?

A Soberba opinou que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era a que a idéia não tivesse sido dela) e a Covardia preferiu não se arriscar.

- Um, dois, três, quatro... Começou a contar a Loucura. A primeira a esconder-se foi a Pressa, que como sempre caiu atrás da primeira pedra do caminho.

A Fé subiu ao céu e a Inveja se escondeu atrás da sombra do Triunfo, que com seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.

A Generosidade quase não consegue esconder-se, pois cada local que encontrava, lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos.

Se era um lago cristalino, ideal para a Beleza.

Se era a copa de uma árvore, perfeito para a Timidez.

Se era o vôo de uma borboleta, o melhor para a Volúpia. 

Se era uma rajada de vento, magnífico para a Liberdade. 

E assim acabou escondendo-se em um raio de sol.

O Egoísmo, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início. Ventilado, cômodo, mas apenas para ele.

A Mentira escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade escondeu-se atrás do arco-íris) e a Paixão e o Desejo, no centro dos vulcões.

O Esquecimento, não se recordou onde se escondeu, mas isso não é o mais importante.

Quando a Loucura estava lá pelo 999.999, O Amor ainda não havia encontrado um local para esconder-se, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou uma 

rosa e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre as flores.

Um milhão, contou a Loucura e começou a busca. A primeira a aparecer foi a Pressa apenas a três passos de uma pedra.

Depois, escutou-se a Fé, discutindo no céu sobre Zoologia. Sentiu vibrar a Paixão e o Desejo nos vulcões.

Em um descuido, encontrou a Inveja e claro, pode deduzir onde estava o Triunfo.

O Egoísmo, não teve nem que procurá-lo. Ele sozinho saiu disparado de seu esconderijo que na verdade era um ninhode vespas. De tanto caminhar, sentiu sede e

ao aproximar-se de um lago, descobriu a Beleza. 

A Dúvida foi mais fácil ainda, pois a encontrou sentada sobre uma cerca sem decidir de qual lado esconder-se.

E assim foi encontrando a todos.

O Talento entre a erva fresca, a Angústia em uma cova escura, a Mentira atrás do arco-íris (mentira, Mentiraestava no fundo do oceano) e até o Esquecimento,a quem já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde.

Apenas o Amor não aparecia em nenhum local.A Loucura procurou atrás de cada rocha do planeta e em cima das montanhas.

Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral. Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, quando no mesmo instante,escutou um doloroso grito.

Os espinhos tinham ferido o Amor nos olhos. A Loucura não sabia como se desculpar. Chorou, rezou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser o seu guia para sempre.

Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na terra, o Amor é cego e a Loucura sempre o acompanha.

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UMA HISTÓRINHA: 

É MEU E É SEU


Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo no tipo de comida que poderia haver ali. Ao descobrir que era uma ratoeira
ficou aterrorizado. Correu ao pátio da fazenda advertindo a todos
 
- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa! A galinha, disse:
 
- Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso seja um grande   problema para o senhor, mas não me incomoda.
 
 O rato foi até o porco e lhe disse:
 
- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira!
 
- Desculpe-me Sr. Rato, disse o porco, mas não há nada   que eu possa fazer, a não ser rezar. Fique tranqüilo que o senhor será lembrado nas minhas preces.
 
O rato dirigiu-se então à vaca. Ela lhe disse:  - O que Sr. Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!

Então o rato voltou para a casa, cabisbaixo e abatido,  para encarar a ratoeira do fazendeiro.

Naquela noite ouviu-se um barulho, como o de uma ratoeira  pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver  o que havia caído na ratoeira. No escuro, ela não viu que  a ratoeira havia prendido a cauda de uma cobra venenosa. E  a cobra picou a mulher... O fazendeiro a levou  imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo  sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que  uma canja de galinha.  O fazendeiro pegou seu cutelo (pequeno facão) e foi  providenciar o ingrediente principal. Como a doença da  mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la.  Para alimentá-los o fazendeiro matou o porco.  A mulher não melhorou e acabou morrendo. Muita gente veio para o funeral.

O fazendeiro então sacrificou a vaca, para alimentar todo  aquele povo.  Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está  diante de um problema e acreditar que o problema não lhe  diz respeito, lembre-se que, quando há uma ratoeira na  casa, toda a fazenda corre risco.

O problema de um é problema de todos quando  convivemos em Grupo.

(Autor: Desconhecido).


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Os segredos da relação Homem e Mulher

Maura de Albanesi (*)

Numa relação amorosa não existe garantias, o que existe são os riscos inevitáveis dessa viagem de rumo incerto: é poder estar totalmente aberto para o que vier e aprender a lidar com o desejo de controlar tudo. Afinal somos aprendizes do amor

Atualmente muitas pessoas vão morar sozinhas para adquirir independência. Há casais, entretanto, que começam a morar juntos, para experimentar a vida a dois, antes mesmo de assumir um compromisso de casamento e, muitas vezes, só pensam em se casar se tiver amadurecida a idéia de ter um filho. A duração da relação está diretamente ligada à intensidade e a profundidade da relação. Quando isso se esvai, a relação termina, com alegação de incompatibilidade de gênio.
É justamente na busca desta profundidade que muitos casais caem na própria armadilha. Esperam por uma comunicação aberta, onde tudo deve ser partilhado com o parceiro, desde os casos antigos, até casos atuais, não suportam o sentimento de serem excluídos da intimidade do outro. Quando são traídos, querem saber os detalhes, apesar da dor do conhecimento, pois atenua o sentimento de exclusão. 
No desejo de transparência doentia, esconde-se o desejo de controlar o parceiro. A lealdade absoluta, além de cruel, é grosseira. Em nome da liberdade, onde cada um faz o que deseja, como se isso fosse possível, o desejo é ilimitado, o homem está fadado a escolher e, portanto, a lidar com frustrações. Ao tentar negar isso e erguer a bandeira da liberdade total, reflete a dificuldade da entrega amorosa, numa tentativa de fugir da dor da possibilidade de perda.
Acredita-se que num relacionamento amoroso não pode haver trincas, porque uma pequena falha a relação estará comprometida. Por isso, para não enfrentar estas dores e decepções, a pessoa pode optar viver só na paixão, que é intensa, curta e de pouca profundidade, pois quando o sentimento de tristeza pedir acolhimento não o encontrará nesta relação. 
A pessoa pode se isolar, vivendo uma vida de eremita, porque a sociedade de hoje possibilita que a pessoa possa até trabalhar sem travar nenhuma relação íntima com alguém. Mas o que é exigido de nós para termos um bom relacionamento, já que no fundo é isso mesmo que queremos? Ninguém nasceu para viver sozinho. Crescemos na interação com o outro. A alma conclama por viver um amor. Mas logo vem o medo de perder a liberdade: Amar ou ser livre? Abrir mão de si para o outro entrar?
Acredito que esta atração se dá de forma totalmente inconsciente, e que é a sabedoria interna de cada um que elege o parceiro, num impulso genuíno de evolução. É como se soubéssemos que aquela pessoa tem algo que nos auxiliará nos processos evolutivos do nosso ser. E uma das maiores felicidades do homem é quando ele se reconhece crescendo, evoluído enquanto pessoa.
É deste impulso que surge a curiosidade inicial de saber mais sobre o outro. O encanto dos primeiros encontros é perceber o interesse do outro em ouvir e ser ouvido, em estar agradando, podendo ser espontâneo e perceptivo. 
A gratidão é uma forma de expressão do amor, que reconhece as gentilezas ao retribuí-las e reforça os laços afetivos. Algumas pessoas desvalorizam o que recebem, pois confundem gratidão com fragilidade. Perceber que é nas diferenças individuais que se pode ampliar a percepção de mundo e crescer, não querer impor a sua razão, mas compreender a maneira do outro ser, respeitar e se mostrar realmente interessado no que o outro faz.
A admiração inicial que se tem por alguém reflete exatamente o que nos falta, e durante a relação tenderemos e criticar e a denegrir determinadas atitudes, caso não venhamos a desenvolvê-las em nós e, para isso, requer auto-conhecimento de nossas próprias limitações, amorosidade consigo e tolerância.
Ninguém sabe tudo sobre si mesmo. Portanto, não pode ter a arrogância de achar que já sabe tudo do outro, pois isso acaba com o interesse e causa distanciamento. Poder ouvir o outro com o mesmo interesse inicial fortalece e mantém os laços afetivos, pois as pessoas mudam, o homem de hoje não é mais o jovem de ontem. Manter acessa a chama do interesse, da curiosidade, da admiração é manter o amor em profunda efusão.

(*) Maura de Albanesi – é psicoterapeuta, pós-graduada em Psicoterapia Corporal, Terapia de Vivências Passadas (TVP), Terapia Artística, Psicoterapia Transpessoal e Formação Biográfica Antroposófica;Master Pratictioner em Neurolinguística;e mestranda em Psicologia e Religião pela PUC.
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A VAQUINHA


Um  mestre  da  sabedoria  passeava  por  uma   floresta com seu fiel discípulo, quando avistou ao longe um sítio de aparência pobre e resolveu fazer  uma breve visita... Durante o percurso ele falou ao aprendiz sobre a importância  das  visitas e as oportunidades de aprendizado que temos,   também com as pessoas que mal conhecemos.

Chegando  ao  sítio,  constatou  a pobreza do lugar: sem calçamento,  casa  de  madeira,  os  moradores,  um   casal e três filhos, vestidos com  roupas  rasgadas e sujas... Então se aproximou do senhor, aparentemente o  pai daquela família, e perguntou: "Neste lugar não há sinais de pontos de comércio e de trabalho. Como o senhor e a sua família sobrevivem aqui?" E o senhor calmamente respondeu: "Meu amigo, nós temos uma vaquinha que nos dá  vários  litros  de  leite  todos os dias. Uma parte desse produto nós  vendemos  ou trocamos na cidade vizinha por outros gêneros alimentícios e  a  outra  parte  nós  produzimos queijo e coalhada para o nosso consumo e  assim vamos sobrevivendo."

O  sábio  agradeceu  pela  informação,  contemplou  o   lugar por uns  momentos,  depois se despediu e foi embora. No meio do caminho, voltou ao  seu  fiel  discípulo  e  ordenou:   "Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao  precipício  ali  à   frente  e  empurre-a,  jogue-a  lá  embaixo." O jovem  arregalou  os  olhos  espantado  e  questionou o mestre sobre o fato de a vaquinha  ser  o  único  meio de sobrevivência daquela família, mas, como  percebeu  o  silêncio absoluto do seu mestre, foi cumprir a ordem. Assim,  empurrou a vaquinha morro abaixo e a viu morrer.

Aquela  cena  ficou  marcada na memória daquele jovem durante alguns   anos,  até  que,  um  belo  dia,  ele  resolveu   largar  tudo o  que havia  aprendido e voltar àquele mesmo lugar e contar tudo àquela família, pedir  perdão e ajudá-los. E assim o fez. Quando se aproximava do local, avistou  um  sítio  muito  bonito, com árvores floridas, todo murado, com carro na garagem   e   algumas   crianças  brincando  no  jardim.  Ficou  triste  e   desesperado,  imaginando  que  aquela humilde família tivera que vender o  sítio  para sobreviver. Apertou o passo e, chegando lá, foi logo recebido  por um caseiro muito simpático e perguntou sobre a família que ali morava   há  uns  quatro  anos.  O  caseiro  respondeu:   "Continuam morando aqui." Espantado,  o  discípulo   entrou  correndo  na casa e viu que era mesmo a  família  que   visitara antes com o mestre. Elogiou o local e perguntou ao  senhor  (o   dono  da vaquinha): "Como o senhor melhorou este sítio e está   tão  bem de vida?" E o senhor, entusiasmado, respondeu: "Nós tínhamos uma vaquinha  que  caiu  no  precipício  e morreu. Daí em diante, tivemos que fazer  outras  coisas  e  desenvolver   habilidades  que  nem sabíamos que  podíamos,  assim   alcançamos  o sucesso que seus olhos vislumbram agora!"

Esta história ilustra com sentido conotativo que todos nós temos em nossa rotina uma vaquinha que nos dá alguma um recurso ao qual nos apegamos para sobrevivência. O que precisamos é expandir nossos conhecimentos, habilidades e mantermo-nos abertos para aprender e criar novos horizontes. Quando  a nossa "vaquinha"  for jogada do alto do precipício, possamos desenvolver outras vaquinhas tornando estas novas oportunidades. 
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O JULGAMENTO PRECIPITADO

 O LENHADOR E A RAPOSA


Existiu um lenhador que acordava às 6:00h da manhã e trabalhava o dia inteiro cortando lenha, e só parava tarde da noite.

 

O lenhador havia perdido sua esposa há pouco. Não suportando as grandes tempestades do inverno rigoroso havia falecido. Sua família desde então era um filho, lindo, de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimação e de sua total confiança.

 

Mesmo com essa situação, a vida não para, ela continua... Então todos os dias o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa cuidando de seu filho na cabana. Toda à noite ao retornar do trabalho, a raposa ficava feliz com sua chegada.

 

Os vizinhos do lenhador alertavam que a raposa era um bicho, um animal selvagem; e portando, não era confiável. Quando ela sentisse fome comeria a criança.

 

O lenhador sempre retrucando com os vizinhos falava que isso era uma grande bobagem, pois a raposa era sua grande amiga e de algum modo entendia que era tratada como se fosse da família. Portanto jamais faria isso.

 

Os vizinhos insistiam:

- "Lenhador abra os olhos! A raposa vai comer seu filho".

- "Quando sentir fome comerá seu filho!"

 

Um dia o lenhador muito exausto do trabalho, ao chegar em casa viu a raposa sorrindo como sempre e sua boca totalmente ensangüentada...

 

O lenhador suou frio e sem pensar duas vezes, sem sequer parar para raciocinar, apenas lembrou-se do que os vizinhos o estavam sempre alertando e imediatamente acertou o machado na cabeça da raposa...

 

Desesperado lembrou-se do seu filhinho, entrou rapidamente no quarto, mas surpreso, encontrou seu filho no berço dormindo tranqüilamente e ao lado do berço uma grande cobra morta...

 

O lenhador desolado, profundamente triste enterrou o machado e a raposa juntos.

 

 

Se você confia em alguém, não importa o que os outros pensem a respeito.  Então podemos seguir nossos instintos e não nos deixar influenciar por comentários que poderão sacrificar grandes amizades... 

A ARVORE DOS PROBLEMAS
 

Esta é uma história de um homem que contratou um Carpinteiro para ajudar a arrumar algumas coisas na sua fazenda. O primeiro dia do carpinteiro foi bem difícil.

O pneu da seu carro furou. A serra elétrica quebrou. Cortou o dedo. E ao final do dia, o seu carro não funcionou. O homem que contratou o carpinteiro ofereceu uma carona para casa. Durante o caminho, o carpinteiro não falou nada. Quando chegaram a sua casa, o carpinteiro convidou o homem para entrar e conhecer a sua família. Quando os dois homens estavam se encaminhando para a porta da frente, o carpinteiro parou junto a uma pequena árvore e gentilmente tocou as pontas dos galhos com as duas mãos. Depois de abrir a porta da sua casa, o carpinteiro transformou-se. Os traços tensos do seu rosto transformaram-se em um grande sorriso, e ele abraçou os seus filhos e beijou a sua esposa. Um pouco mais tarde, o carpinteiro acompanhou a sua visita até o carro. Assim que eles passaram pela árvore, o homem perguntou:- Porque você tocou na planta antes de entrar em casa ?

Ah! esta é a minha Árvore dos Problemas. - Eu sei que não posso evitar ter problemas no meu trabalho, mas estes problemas não devem chegar até os meus filhos e minha esposa. - Então, toda noite, eu deixo os meus problemas nesta Árvore quando chego em casa, e os pego no dia seguinte. - E você quer saber de uma coisa? - Toda manhã, quando eu volto para buscar os meus problemas, eles não são nem metade do que eu me lembro de ter deixado na noite anterior.

(Autor desconhecido)


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TRABALHANDO AS DIFERENÇAS

KEIKO

 

                Ela veio da terra do Sol Nascente. Do Japão, do outro lado mundo; quando aqui é dia, lá é noite. Seu pai trouxe toda a família para trabalhar na lavoura. Ela era a terceira filha, e se chamava Keiko. Arrumaram uma pequena casa e uma plantação. No Japão, tudo era diferente...

                Aqui, Keiko teve de ir a escola. No primeiro dia, que susto! Todos tinham olhos redondos! Ela ficou assustada e fugiu... (Será que eles ficaram tão assustados quanto ela?)

                Em casa, sua mãe contou que as pessoas podem ser diferentes. Umas são negras, outras brancas e algumas têm olhos puxados.  Mas isso não muda em nada o que elas sentem ou pensam.

                (...)

                Que mundo diferente era esse, do outro lado do mundo. Keiko foi convidada para a primeira festa de aniversário. Que bom! Todos iriam estar lá. Como seria uma festa de aniversário? Ela se preparou muito. Pois seu melhor vestido, seu sapato novo e uma fita no cabelo, que escorregava a cada minuto, porque seu  cabelo era muito liso.

                Todos a viram chegar. Ela parou diante da porta e, como era de costume, tirou os sapatos antes de entrar. E todos riram dela. Mas por que eles estavam rindo?

E por que não tiravam os sapatos?  Keiko ficou muito triste. Ai sua mãe teve uma grande idéia.

                - Amanhã, convide seus amigos para virem aqui. Quem sabe quando eles conhecerem como você vive vão lhe entender melhor. VatTmos fazer um almoço para eles e mostrar que os compreendemos.

                E convidaram todos. Suas irmãs e seus irmãos ficaram na porta da casa e pediram aos convidados para tirar os sapatos antes de entrar , para não trazer a sujeira da rua para dentro da casa.

                E eles tiraram os sapatos, e se sentaram no chão, porque na casa não havia cadeiras. E esperaram em silêncio a comida ser servida, porque o clima era de respeito. Mas o que e isto?  Arroz? E cadê o garfo? Pauzinhos? Todas as crianças estavam surpresas. Não conseguiam comer. O arroz caia. Como se seguram os pauzinhos? Todos perguntavam.

                Ai Keiko se sentou, pegou sua tigela e seus pauzinhos, e comeu sem derrubar um grão.

                 Então os outros perceberam que havia coisas que ela sabia e que eles não sabiam. Que ela era diferente, mas que isso podia ser bom.

                E ela ensinou a todos e aprendeu com todos que, no mundo das diferenças e dos diferentes, todos temos muito que aprender.

                Keiko tornou-se uma linda moça, e se casou com um moço de olhos redondos.Teve três filhinhos de olhos puxados e cabelos lisinhos, que comem arroz com pauzinhos, mas, de vez em quando, se esquecem de tirar os sapatos.

 

 Texto da Autora: Cristina Von

 Coleção: Todo o mundo

São Paulo, Callis, 1995.